Apertar o cinto

Após longas e ponderadas reflexões/análises à conjuntura nacional, decidi desabafar .....
Acho que não é de bom tom ficar quieto, ficar calado e nada fazer. Não concordo com greves que prejudiquem ainda mais a debilidade económica e financeira em que nos encontramos, mas existem outras formas de luta, outras formas de fazer chegar a quem de direito, a nossa discordância e indignação para com as medidas que nos pretendem impor. 
Mais do que anti-sociais, tomando como exemplo os cortes aos salários entre os 485 e os 1.000 euros (independentemente de se tratar de funcionários públicos ou de privados), estas medidas são um ataque aos mais desfavorecidos e aqueles que vivem no limiar da sobrevivência. Contrariamente aqueles que se queixam que os cortes os irão afectar porque deixam de poder fazer as férias que estão habituados, que em vez de duas ou três casas só podem manter uma, ou que vão ter de reduzir ao parque automóvel, aqueles que ganham até mil euros, dependem desses valores para pagarem as suas casas, a sua alimentação e a educação dos seus filhos, e chamam a isto equidade e justiça social.!? Não eram estas ideias que Sá Carneiro preconizava nem eram estes os valores da social democracia. 
Como a maioria dos portugueses que acreditou nos partidos que fazem parte da coligação que nos governa, estou desiludido.....desiludido porque vejo cortar de forma cega e igual, ao que esbanja, ao que estraga, ao que se gaba no final das férias dos destinos que percorreu, aquele que por falta de juízo contraiu empréstimos para casa/carro/férias/jóias/almoços/festas, etc e agora não pode pagar(desses não tenho pena), e da mesma forma, corta ao que vive do seu trabalho sério, tenta poupar para pagar a sua casa, para fazer uma vida equilibrada e cuidar da educação dos filhos, com os parcos salários auferidos.
Falando agora concretamente dos funcionários públicos (sem duvida um problema para as finanças publicas), deverá ser "separado o trigo do joio"....não é o professor que ganha 1.200 euros/mês ou o enfermeiro que ganha 1.000 euros/mês que vai desequilibrar as despesas do estado. O problema está no professor/enfermeiro/juiz/politico/maquinista/piloto/etc/etc, que no activo e através das famosas progressões na carreira ganha 4 ou 5 vezes mais que um colega da mesma profissão, o aposentado dos serviços do estado que também ele ganha as tais 4,5,6 vezes mais....e não..., não falo de 485 ou 1.000 euros, falo de salários todos eles superiores a 4, 5,6,7........n vezes o salário mínimo nacional e alguns deles atingem mesmo exorbitâncias, falo ainda dos famosos titulares de cargos públicos, administradores delegados e outros que tais, que ganham mais em apenas uma participação em assembleia geral que um "desgraçado" de um trabalhador ganha no mês inteiro.....
Não vou aqui dar ideias, pois certamente existem pessoas muito mais habilitadas que eu para o fazer no governo, porém,  não posso admitir que se fale da mesma forma, que se peça igual sacrifício, ou que se tire da mesma forma, a quem necessita do dinheiro para comer, de quem com os cortes irá apenas ter de abdicar de certas mordomias supérfluas a que estava habituado. Não peço que se "roube" ao ricos para "dar" aos pobres, peço que se pondere a quem se pode ainda tirar, de forma a que não seja atingida aquela fasquia, a partir do qual ira ser posta em causa a sobrevivência da pessoa/empresa.
Termino citando Aristóteles...

"Devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade."

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